sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Maternidade ou profissão? - Esse tema já foi até abordado no blog espero que gostem da matéria




Maternidade ou profissão?
Pesquisa revela que elas abrem mão do sucesso na carreira pelos filhos
Por Cynthia Magnani • 28/10/2008

No últimos três séculos, a situação das mulheres na sociedade, graças ao movimento feminista, mudou bastante: votamos como os homens, podemos pedir o divórcio por vontade própria e somos maioria nas universidades. No entanto, em relação ao acesso ao mercado de trabalho, as mudanças têm ocorrido de maneira um pouco mais lenta. E o mais perturbador: a maternidade ainda é, muitas vezes, um entrave para a carreira. Uma pesquisa feita por uma das maiores empresas de recursos humanos norte-americanas, o grupo Catalyst, indica que cerca de 25% das mulheres com filhos pequenos decidem não voltar a trabalhar após o nascimento deles. Os pesquisadores entrevistaram quase duas mil mães entre 20 e 44 anos nos Estados Unidos, Canadá e Suécia, e perceberam que, para 43% delas, a vida profissional passou a interferir negativamente no ambiente familiar. Segundo 83% das entrevistadas, a chegada de um filho fez com que elas passassem a valorizar mais uma vida em família equilibrada do que o sucesso na carreira.

A mulher moderna acumula as funções de cuidar de casa, do trabalho, do próprio corpo (afinal, a concorrência anda acirrada), do marido e dos filhos. Como se não bastasse, o sexo feminino ainda sofre preconceitos, como salários menores que os dos homens e pouca representatividade entre os cargos de chefia de grandes empresas, por exemplo.

As sanções para quem não respeita os direitos das mulheres são jurídicas e legais, mas também de quebra de contratos comerciais ou de imagem. Segundo Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - seção Rio de Janeiro (ABRH-RJ), a mais conhecida forma de preconceito é a demissão de profissionais mulheres ao saberem que elas estão grávidas. "É uma visão míope da empresa que, ao comportar-se dessa forma, gera um clima organizacional péssimo, que impacta na performance e nos resultados dos demais funcionários. E o que considero pior: reflete no mercado uma imagem muito ruim. A marca passa a não ser valorizada, pois a empresa esquece que estamos na "sociedade do relacionamento" e essas informações são transferidas para o mercado. Nenhum profissional quer ter no seu currículo uma empresa que não possua uma boa imagem. Assim, a organização passará a ter dificuldades de reter os seus talentos ou de recrutar bons profissionais. Além disso, no mercado global, muitos países não mais aceitam estabelecer relações comerciais com empresas que não trabalham com a diversidade. As sanções para quem não respeita os direitos das mulheres são jurídicas e legais, mas também de quebra de contratos comerciais ou de imagem", alerta.

Mas, infelizmente, muitas empresas ainda torcem o nariz ao saber que uma funcionária está grávida ou que pretende ter filhos em breve. Isso em pleno século XXI. Por esses motivos, muitas mulheres adiam a gravidez ou simplesmente abrem mão de serem mães, apenas para se dedicarem ao trabalho.

A relações-públicas contratada pelo Exército Ana Luiza Oliveira é uma das que optaram por esperar um pouquinho mais para engravidar por causa do trabalho. "Para exercer a profissão em que me formei e buscar aperfeiçoamento através de cursos de especialização tive que mudar de cidade e construir minha vida em um lugar diferente. Acho que ainda é possível, sim, conciliar filhos e trabalho, mas é necessário ajuda de outras pessoas, como familiares, babás ou creches. Por isso achei melhor esperar mais para realizar o meu grande sonho de ser mãe", diz. Depois de cinco anos morando no Rio de Janeiro, Ana Luiza conseguiu, este ano, voltar para sua cidade natal, Volta Redonda, no interior do estado. Ela se diz pronta para retomar o sonho da maternidade. "Como atualmente minha vida está mais engrenada, pessoal e profissionalmente, podendo conciliar minha carreira com a vida pessoal, estou programando para o próximo ano a vinda do tão esperado baby", comemora.


Tudo bem que as mulheres queiram fazer bom uso dos direitos conquistados com tanto sacrifício. Tudo bem também que o mercado de trabalho está cada vez mais fechado e que as boas oportunidades devem ser agarradas com unhas e dentes. Mas até que ponto vale a pena deixar de lado a vida pessoal, adiando ou desistindo de sonhos, por causa da carreira? O jornalista e executivo Luciano Pires dá um recado valioso: "Não vejo problemas em atrasar uma gravidez por causa do trabalho, mas desistir do sonho de ser mãe, jamais! O emprego um dia passará, o sucesso passará. Quando for preciso, a empresa vai dispensar aquela funcionária, independentemente dos sacrifícios que ela tenha feito. É nessas horas em que tudo que passa a ter sentido é a família. A mulher que coloca o emprego em primeiro lugar não terá esse respaldo por causa de sua escolha e isso é triste demais."

Grandes empresas querem gente competente, mas pequenas pessoas querem gente sem filhos. Dá menos trabalho, menos possibilidade de faltas, menos custos . Ele reconhece que não é nada fácil ser mãe e trabalhadora ao mesmo tempo, mas lembra que o futuro e a tecnologia estão aí para ajudar. "A mulher precisa desdobrar-se em diversas atividades e não tenho nenhuma receita para que elas possam conciliar trabalho e maternidade sem preterir nenhuma das duas funções, senão usar e abusar da tecnologia, dos computadores, do home office, dos blackberrys. Mas isso só é válido para quem está numa posição de gerência ou equivalente, e trabalha em empresas que compreendam e aceitem essa flexibilização", lembra.

Existe melhor momento para ter filhos?

Muitas mulheres ficam esperando o "melhor momento" para engravidar. Isso pode ser quando receber uma promoção, um aumento, ou quando tiver mais tempo no emprego. No entanto, cada uma deve saber o seu momento de ter um bebê, lembrando que as condições dentro de casa também são fundamentais para determinar isso. Uma família estruturada, marido e mulher empregados, ter quem ajude a cuidar da criança, pelo menos nos primeiros meses, são alguns fatores importantes. Luciano, por exemplo, deixa seu lado feminino falar mais alto ao afirmar que "se fosse mulher, escolheria o momento em que tivesse um status mais avançado dentro da empresa. Assim, já teria provado do que sou capaz, seria importante para a empresa, teria o respeito de todos e mais tranqüilidade para criar os filhos."

O que deve importar é a competência

Em tempos de competitividade a toda, quando mão-de-obra especializada tem se tornado artigo de luxo, Luciano Pires lembra que: "Grandes empresas querem gente competente, mas pequenas pessoas querem gente sem filhos. Dá menos trabalho, menos possibilidade de faltas, menos custos. Isso é pensamento de gente pequena que, infelizmente, ainda existe em empresas de todos os tipos."

Leyla Nascimento vai mais além. Ela mostra que as mulheres, com ou sem filhos, estão superando o preconceito, mostrando seu potencial e tomando conta do mercado de trabalho. Assim, entender as necessidades das funcionárias gestantes tornou-se assunto estratégico e fundamental para o desenvolvimento das empresas. "A participação das mulheres no mercado de trabalho cresceu muito nos últimos anos. Cerca de 40% do número de funcionários da média das empresas brasileiras são do sexo feminino, por isso os programas voltados para este público vêm ganhando destaque e prioridade estratégica", diz ela.

Ou seja, dar melhores condições para as mulheres conciliarem as suas atividades profissionais com as atribuições domésticas - em especial na criação dos filhos - gera satisfação, bem-estar, maior produtividade e a retenção desse talento feminino. "Além disso, esses benefícios - que vão desde a licença-maternidade de seis meses (ainda opcional), até acompanhamento médico, auxílio em despesas hospitalares, orientação nutricional e creche para os bebês, e auxílio nas despesas escolares para as crianças - integram o Programa de Qualidade de Vida das empresas. Os bons profissionais são disputados no mercado e para garantir a permanência dessas mulheres na empresa, torna-se necessário desenvolver uma estratégia de retenção diferenciada", afirma Leyla.

Leyla afirma também que a própria ABRH incentiva as empresas a investir no bem-estar dos funcionários em geral, e, é claro, das funcionárias gestantes também. A associação, que reúne os principais executivos e profissionais de recursos humanos do país e tem como missão disseminar o conhecimento e as boas práticas de gestão de pessoas, valoriza e mobiliza as empresas para essa questão do público feminino, que também faz diferença no resultado das organizações. "Em nossos eventos e congressos, temos mostrado vários cases de sucesso, frutos de um trabalho de liderança feminina nas empresas. Sensibilizar as organizações para a valorização da diversidade e, entre questões, o trabalho da mulher, é o papel da ABRH e temos feito isto em todo o Brasil", diz.Cynthia Magnani Leia mais deste autor.

FONTE:http://msn.bolsademulher.com/familia/materia/maternidade_ou_profissao/31722/1

3 comentários:

Sály disse...

e agora com essa lei que extende o tempo de licença maternidade para 180 dias eu quero é ver como é q vai ser, pq muitas empresas vao diminuir a contrataçao de profissionais mulheres, algumas mulheres vao querer esquecer o sonho de ser mãe com medo de perder o emprego, etc.

Maína Pinillos Prates disse...

Muito interessante essa reportagem Val! Engraçado que estava pensando sobre isso essa semana.
É bem complicado a mulher pensar em carreira e ter filhos. Eu sempre pensei na primeiro na minha carreira, pra estudar, trabalhar, me dedicar pra ter segurança e poder pensar em outras coisas.
Hoje eu tendo a minha vida mais organizada estou pensando muito em formar uma família.
No ano de 2009, no trabalho em que eu estou, vou ter muitas viagens, não poderia andar junto com essa minha vontade. E me pergunto mesmo se vale a pena se dedicar tanto ao trabalho.
Hoje em dia, se eu tivesse um marido com uma condição bacana pra segurar a onda em casa ia querer uma coisa mais light como fazer um mestrado e poder trabalhar em casa e cuidar do filho e dar um rumo mais tranquilo a carreira, mas o mundo está complicado e acho difícil isso acontecer.

Valdívia disse...

Vai ficar díficil mesmo a mulher conciliar as duas coisas.Não pretendo ter filhos por enquanto mas sei q vai chegar uma hora q a vontade vai bater.E ai vai ser um dilema.